Como lidar com alguém que pensa em suicídio?

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS),  todos os anos são registrados mais de 800 mil casos de suicídio a cada ano. No Brasil, são 11 mil casos por ano, configurando um problema sério de saúde pública.

Muitos fatores contribuem para que uma pessoa apresente ideação suicida. O suicídio não deve ser atribuído a uma só causa, é um fenômeno complexo em que vários fatores têm responsabilidade.

 

Neste artigo, vamos entender melhor o suicídio, os fatores de risco e conversaremos sobre formas de prevenção e de ajuda a pessoas sob risco de suicídio.

Comportamento suicida

Suicídio é uma das principais causas de morte

Suicídio é a autoagressão com intenção de causar a morte. A tentativa de suicídio ocorre quando alguém se machuca com a intenção de acabar com sua vida, mas não morre como resultado da ação.

 Muitos fatores aumentam o risco ou previnem o suicídio. O suicídio está associado a outras formas de lesão e violência. Por exemplo, pessoas que sofreram violência, como abuso infantil, bullying e violência sexual, correm maior risco de suicídio.

 

Apesar de os jovens serem o grupo de maior vulnerabilidade para o suicídio, a maioria das tentativas de suicídio ocorre entre os idosos. É nesse grupo em que há mais pessoas com doenças crônicas e incapacitantes e que perdem mais companheiros e amigos na velhice.

Fatores de risco para o suicídio

Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), os dois principais fatores de risco para ideação suicida são:

– tentativa de suicídio anterior: pessoas que tentaram suicídio têm de 5 a 6 vezes mais chance de terem novas tentativas

 

– transtorno mental: quase 100% das pessoas que tentam suicídio apresentam alguma doença mental, geralmente não tratada adequadamente, como depressão, transtorno bipolar, dependência de álcool e/ou outras drogas.

Dra Priscila Kimura é psiquiatra em São Paulo com experiência de mais de 15 anos em Psiquiatria. Não deixe de buscar ajuda para você ou para alguém que você ama. Buscar ajuda especializada pode significar a diferença entre a vida e a morte. 

Quais são os sinais de alerta para o comportamento suicida?

Sinais de alerta de ideação suicida são ações, pensamentos e sentimentos que indicam que uma pessoa está pensando em suicídio.

 É importante reconhecer esses sinais de alerta e agir rapidamente para ajudar as pessoas em perigo.

 Os principais sinais alerta para o comportamentos suicida incluem:

1.      mudanças repentinas de comportamento, como  isolamento social, negligência da higiene pessoal e cessação de atividades anteriormente importantes.

2.      falar sobre morte ou suicídio

3.       expressar  desesperança, por exemplo:  “As pessoas terão uma vida melhor sem mim”, “Não aguento mais”.

4.      Comportamentos arriscados, como dirigir em alta velocidade, envolver-se em brigas

 

5.      Abandonar planos para o futuro

Como ajudar alguém com ideação suicida

1.      Reconhecer e tratar a ideação suicida é essencial para a prevenção do suicídio. É importante falar abertamente, evitando julgamentos ou preconceitos.

2.      Ações simples podem ajudá-lo a ficar perto daqueles que têm pensamentos suicidas ou estão se recuperando de uma tentativa de suicídio. Também é importante saber quando procurar ajuda profissional e quando recuar.

3.      Evidências sugerem que perguntar a alguém se ele tem pensamentos suicidas pode protegê-lo. Ao perguntar diretamente a alguém sobre o suicídio, você permite que ela diga como se sente e que saiba que não é culpa dela.

4.      As pessoas que já pensaram em suicídio geralmente descrevem como se sentem aliviadas por poderem falar sobre o que passaram. Sempre leve a sério quando alguém lhe disser que tem pensamentos suicidas. Você não precisa ser capaz de resolver os problemas deles. Mas se você acha que pode, ofereça apoio e incentive-os a falar sobre como se sentem.

5.      Terapia, medicação e outros tratamentos podem ajudar a reduzir pensamentos suicidas e fornecer apoio emocional para pessoas que lutam com problemas de saúde mental.

 

Se você ou alguém que você conhece está mostrando sinais de pensamentos suicidas, não hesite em buscar ajuda. A ajuda está disponível e é possível concluir esses desafios.

A prevenção do suicídio começa com conscientização e ação imediata.

O que “ajudar” alguém com ideação suicida realmente significa?

As necessidades de uma pessoa lutando contra pensamentos suicidas variam dependendo da situação. Por causa disso, não há etapas fáceis a serem seguidas.

Mas o que você pode fazer é apresentar uma presença sem julgamento e de apoio. Isso cria um espaço seguro onde você pode sentir seus sentimentos e se expressar, se quiser.

Deve-se evitar o uso de expressões que diminuam o sofrimento ou que causem culpa, como: “ah, isso não é nada”, “ você causou isso”, “tem pessoas muito piores que você”.

O mais importante é deixar a outra pessoa saber que você a apoiará da forma mais imparcial possível. Você não precisa mudar o que está vivenciando por eles. Além disso, lembre-se de que não há problema em dizer a alguém que você ficará ausente por um tempo se decidir que não pode mais ajudá-lo. 

Você também pode ajudar com coisas práticas como pegar um copo d’água, ajudar a procurar tratamento, entrar em contato com amigos e familiares, fazer atividades juntos.

Uma vez que você sinta que eles podem pensar nos próximos passos para cuidar de si mesmos, você pode sugerir a criação de um ‘plano de segurança’ juntos, para garantir que você obtenha o apoio necessário no futuro.

Criando um "plano de ação"

Pode ser uma boa idéia criar um plano de ação a ser seguido em caso de ideação suicida.

Assim como em outras situações de emergência (como um incêndio, por exemplo), ter um bom plano de emergência pode agilizar a busca por apoio e minimizar o risco de suicídio.

 

 

Fazem parte de um bom plano de ação:

-identificar pensamentos e sentimentos que podem indicar o começo de  uma crise

-identificar estratégias para lidar com a ideação suicida quando instalada (por exemplo, afastar-se de gatilhos, expor-se a estímulos relaxantes)

– envolver familiares e amigos: ter uma lista de pessoas a quem recorrer, por mensagem ou pessoalmente em caso de ideação suicida ou de lugares para ir (como a casa de alguém, um local em que se sinta acolhido e seguro)

– ter uma lista de pessoas para serem contatadas em caso de crise

– saber como acessar serviços de emergência psiquiátrica, o CVV e outros recursos

– afastar a pessoa com ideação suicida de meios que podem ser usados para a tentativa de suicídio

Dra Priscila Kimura é psiquiatra em São Paulo com experiência de mais de 15 anos em Psiquiatria. Se você ou alguém que você ama está sofrendo,  procure ajuda especializada.

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